terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mudanças ocorridas da fotografia analógica para a fotografia digital


O surgimento da fotografia veio a partir de experiências feitas por químicos e alquimistas desde a mais remota antiguidade. Sabe-se que por volta de 350 a.C., aproximadamente na época em que viveu Aristóteles na Grécia Antiga já se conhecia o fenômeno da produção de imagens pela passagem da luz através de um pequeno orifício.
 A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1825 pelo francês Nicéphore Niépce numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo chamado betume da Judéia. Foi produzida com uma câmera, tendo que ficar por volta de oito horas de exposição à luz solar.
A partir do século XIX a fotografia ganha novo impulso com a Revolução Industrial. Em 1901 surge o mercado da fotografia em massa com a primeira câmera analógica lançada pela marca Kodak e, em especial, os processos de industrialização da produção e revelação de filmes. Com o tempo, novas necessidades surgiram no que diz respeito aos custos da revelação de filmes e ao tempo escasso na entrega de materiais por fotógrafos, sobretudo por parte dos fotojornalistas.
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 Em 1990, a Kodak lançou a DCS100, a primeira máquina digital comercialmente disponível. Seu custo impediu o uso em fotojornalismo e em aplicações profissionais, mas a fotografia digital nasceu. Em 10 anos, as máquinas digitais se tornaram produtos de consumo e estão substituindo gradualmente as câmeras analógicas.
Em entrevista com dois fotógrafos da vanguarda de Vitória da Conquista, Edna Nolasco e Vivaldo Leão Rocha (Sabiá), foram ouvidas suas opiniões, enquanto fotógrafos profissionais, acerca dos prós e contras da mudança do mundo analógico para o mundo digital na fotografia.

Quais foram as principais mudanças que ocorreram da fotografia analógica para fotografia digital?
Edna Nolasco: Ao contrário da fotografia analógica, com a fotografia digital você tem a imediaticidade do resultado. Alguns fotógrafos acreditam que banalizou a fotografia dessa forma, mas pelo contrário, só irá ficar no mercado quem tem capacidade, quem estiver disposto a estudar todos os dias a fotografia.
A fotografia digital deve ser pesquisada a fundo porque um número maior de pessoas está fotografando. Para você ser um profissional de destaque existe uma necessidade de constante pesquisa na área para que haja um reconhecimento no mercado.
Do ponto de vista técnico, a senhora acredita que houve melhorias com relação a essa mudança?
Edna Nolasco: Com toda certeza porque nós temos hoje a praticidade. Você antes tinha que fazer a foto, revelar o filme com cuidado porque ao menor erro você poderia ter todo o seu trabalho perdido, enquanto que na digital você pode errar mais porque poderá imediatamente corrigir.
Com relação às ferramentas de edição de imagem, como por exemplo, o photoshop, qual a sua opinião sobre esses recursos de manipulação de imagem?
Edna Nolasco: Mudou somente a ferramenta. Meu pai, que entrou no mercado em 1958, de lá pra cá sempre fez retoques em foto. Esses retoques eram feitos no negativo com lápis e hoje você faz com o mouse. Mudou a ferramenta, mas o princípio da fotografia continua o mesmo.
Há quanto tempo a senhora trabalha com fotografia?
Edna Nolasco: Estou na fotografia desde que nasci, já que nasci em casa de fotógrafos. Passei a trabalhar com fotografia desde os 14 anos de idade, então estou, aproximadamente, há 35 anos como profissional.

Entrevista com Sabiá (Vivaldo Leão Rocha):
O que mudou da fotografia analógica pra digital, do ponto de vista do profissional que trabalha com ela?



Sabiá: A princípio os grandes fotógrafos de arte que trabalhavam com o documento revelado mesmo, como por exemplo, Sebastião Salgado resistiram um pouco a essa mudança da fotografia analógica pra digital.
Com relação ao desenvolvimento de um trabalho mais rápido, não há dúvidas de que a fotografia digital é mais prática, mas quando se fala em trabalhar com boa iluminação, qualidade de imagem, a poesia, a arte, a fotografia analógica nunca irá morrer.
No equipamento analógico é preciso ter um conhecimento técnico da fotografia, como abertura do diafragma, tempo de exposição, ISO do filme, manipulação das objetivas, etc.
Com a era digital, qualquer um hoje pode ser fotógrafo tendo um capital pra investir em bons equipamentos. Eu acredito que o que muda é quem está atrás da câmera, quem opera porque a grande fotografia é aquela em que a imagem diz alguma coisa.
Hoje você pede pro fotógrafo tirar dez fotos e ele fará cem pra escolher as dez. Virou uma coisa compulsiva. Um bom exemplo disso se vê com os fotógrafos de formatura e casamentos.
O fotógrafo quando sai pra fotografar ele tem que determinar o que ele está querendo, caso contrário a fotografia passa a ser uma coisa compulsiva.
Em sua opinião, quais sãos as vantagens e desvantagens da câmera analógica e da máquina digital?
Sabiá: A vantagem da analógica é que você compra o equipamento e dificilmente ele quebrará, ao passo que a máquina digital poderá quebrar imediatamente. Esse tipo de equipamento não foi feito para dar certo. Ele pode lhe dar um rápido retorno financeiro, mas no que diz respeito ao arquivo documental não é seguro.
Há 170 anos quando surgiu a fotografia, a primeira foto registrada existe até hoje. Eu não poderia afirmar que com certeza uma foto registrada há 10 anos num equipamento digital possa existir ainda. Gravações em mídia não são seguras, o documento no computador pode se perder por conta de um vírus na máquina ou outra pessoa pode formatá-lo.
Há quanto tempo o senhor trabalha com fotografia?        
Sabiá: Eu trabalho com a fotografia há 29 anos, sendo 19 anos de serviço prestados à Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB

Para fotógrafos profissionais como Edna Nolasco, a fotografia digital veio para facilitar a vida do profissional, noticiar fatos com uma velocidade incrível, permitir ao profissional que compartilhe quase que instantaneamente esses momentos através de fotos é uma grande conquista das novas tecnologias. Já para o fotógrafo Vivaldo Leão, os ganhos com a fotografia digital são inegáveis, contudo, para ele, existe uma perda de qualidade com a fotografia digital que dificilmente será corrigida, colocando assim a fotografia analógica num patamar de fotografia de arte.



Reportagem: Bárbara Jardim

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