quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Reportagem

A reportagem é um gênero de texto jornalístico que transmite uma informação por meio da televisão, rádio ou revista.Tem como objetivo levar os fatos ao leitor ou telespectador de maneira abrangente.


Exemplo :


Mostra  Pati
Conta-se que os primeiros habitantes do Vale do Pati vieram da região de Macaúbas e do Vale do Capão. Era o ano de 1899 e uma grande fome se alastrou por toda a região, obrigando os sertanejos a procuraram terras onde alimentos não fossem tão escassos. Vagaram pelos ermos da Chapada até desembocarem em um vale onde havia fartura de caça e vegetais comestíveis. Valendo-se da abundância de pacas, tatus, macacos, mel e palmito, que havia pelo oásis encravado entre montanhas, os retirantes se fixaram. Na certeza de terem encontrado um local que os salvavam da fome, os matutos plantaram mandioca e desenvolveram a criação de animais. Passaram-se 30 anos e, com a crise de 1929, que alimentou a fome pelos rincões mais pobres do planeta, novos habitantes vieram para o Vale do Pati, então já com fama de ser local onde alimentos não faltavam. As habitações humanas multiplicaram-se e, de acordo com política oficial da agricultura monocultora, o verde dos cafezais substituiu a milenar floresta. A região tornou-se importante economicamente e recebeu um posto avançado da prefeitura de Andaraí. A “prefeitura”, como ficou conhecida o entreposto, era a representação do poder público no Vale, além de servir de armazém de gêneros, posto dos correios e centro de reuniões. A febre do café acabou na segunda metade da década de 50 do século passado. Com a mudança da política do governo para aquele produto, todos os cafezais foram derrubados e a floresta pouco a pouco foi ressurgindo. Atualmente as poucas famílias que ainda moram no Vale sobrevivem da agricultura familiar e do turismo ecológico.
Foi com este pequeno triller da aventura humana que, ainda na localidade de Guiné, na manhã fria de 15 de outubro, colocamos mochilas às costas e começamos a caminhada em direção ao Vale do Pati. De início encaramos a Subida do Beco. Uma trilha íngreme, calçada por escravos pertencentes ao coronel Antônio Bernardo Vieira que, dizem, costumava manter a chave de um cadeado que trancava a passagem preso à cintura. Os viajantes que precisavam usar a Subida do Beco tinham que vir pedir a benção do coronel para destravar a porteira. Voltando à trilha, à nossa direita, o paredão da montanha que tentávamos vencer, à esquerda o precipício, sempre nos lembrando que aquele lugar não perdoava passos falsos nem cambaleios. Os pouco afeitos às caminhadas em lugares altos logo sentiram os efeitos da escassez de oxigênio: tonturas e um leve enjôo. Depois de quase uma hora de subida, vencemos a montanha. Pausa para tomada de fôlego e água. A partir daquele ponto seria uma longa descida até o Vale. De fato, depois de mais de uma hora, chegamos ao Mirante do Vale do Pati, onde podíamos avistar um bom pedaço da Chapada Diamantina. Abaixo, todo o Vale. A descida do paredão foi a primeira grande prova às nossas aspirações de trilheiros. Movimentos cuidadosamente estudados. Degraus de pedras, esculpidos pelas águas das enxurradas e raízes que sobressaíam dos barrancos, deram o suporte necessário para que não escorregássemos e descêssemos paredão abaixo, sem freio. Por fim alcançamos o sopé da rampa. Olhamos para cima, com um misto de incredulidade e espanto ao vermos a magnitude do paredão por onde havíamos descido. Abrigados pelas copas das árvores que verdejam pelo vale, fizemos mais meia hora de caminhada e chegamos à primeira parada.


Texto: Alberto Marlon
Foto: Bárbara Jardim

fonte:kinemadinovo.wordpress.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário